Especialista liga aumento de furtos de veículos em Piracicaba à atuação de desmanches ilegais e falhas nas investigações
26/05/2025
(Foto: Reprodução) Cidade registrou alta de 41% nos casos entre 2023 e 2024, mas queda no número de roubos veiculares. Polícia registra alta de 41% em casos de furtos de veículos em Piracicaba
Piracicaba (SP) registrou aumento de 41% no número de veículos furtados de 2023 para 2024. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública (SSP) e analisados pelo g1.
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A cidade teve 509 veículos furtados em 2023 e 720 em 2024. Especialista atribuiu aumento do crime à atuação de desmanches ilegais de veículos e à falta de investimentos na Polícia Civil, responsável pela investigação dos casos (saiba mais abaixo).
Já o número de roubos de veículos caiu 20% durante o mesmo período: de 149 para 118.
Furto e roubo
A diferença entre roubo e furto é a violência. No furto, o criminoso subtrai o bem sem contato direto com a vítima. Já no roubo, há o uso de violência ou ameaça para obter o item. Por conta disso, roubo é considerado mais grave e pode resultar de quatro a dez anos de prisão.
Comércios de autopeças em Piracicaba
Divulgação/SSP
Locais
O bairro Centro lidera como local com maior número de furtos de veículos em Piracicaba durante 2024. As ruas em destaques são:
Rua 13 de Maio
Rua Dom Pedro
Rua do Rosário
Rua do Vergueiro
Rua São João
Rua São José
Desmanche e falta de investimentos
O aumento no número de furtos de veículos em Piracicaba está atrelado a dois fatores: atuação de desmanches clandestinos e falta de investimentos na Polícia Civil, afirmou Ruyrillo Pedro Magalhães, professor de Direito e delegado aposentado.
“Há uma falta de investimentos na Polícia Civil, que é a polícia que investiga [..] oficiais mal remunerados, falta de policiais. Houve a contratação de alguns, mas não é o problema de só faltar policial. Precisa de uma organização policial que seja estimulada. A Polícia Civil está totalmente desestimulada [...] se não houver aposta na investigação, os crimes continuarão onde a PM e a GM não estiverem”, diz Magalhães.
Magalhães apontou os desmanches clandestinos, também conhecidos como ferros-velhos, como responsáveis pela recepção e desmonte dos veículos furtados. Lá, as peças usadas viram mercadorias no mercado paralelo. O especialista explicou que as peças clandestinas são mais baratas e que não possuem nota fiscal.
“O cliente deve exigir a nota fiscal para saber a procedência da peça. O preço tem que estar dentro do valor esperado para o mercado, pois se a peça custa mil reais e tem sido vendida por 400 [reais] pode indicar um problema”, afirma o ex-delegado.
É permitido comprar peças usadas em desmanches, desde que os estabelecimentos estejam legalizados de acordo com Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo) e com a Secretaria da Fazenda e Planejamento de São Paulo.
O cliente que compra peças clandestinas, mesmo sem saber, pode responder criminalmente por receptação culposa. A pena vai de um a quatro anos de prisão e multa.
Detran em Piracicaba
Divulgação/ Detran-SP
O que diz a SSP
O g1 questionou a SSP sobre o número de casos resolvidos dos 720 furtos veiculares que Piracicaba registrou em 2024, mas a secretaria não respondeu.
Em nota, a pasta afirmou que a Polícia Civil tem realizado ações em ferros-velhos e lojas de venda de peças automotivas com objetivo de reprimir e identificar receptadores.
A pasta ainda afirmou que tem trabalhado na contratação de policiais.
“Houve a maior contratação de policiais dos últimos 14 anos, com a incorporação de mais de 9,1 mil novos agentes, sendo 3,4 mil deles destinados à Polícia Civil e distribuídos por unidades de todo o Estado Outras 3,1 mil vagas serão preenchidas por meio do concurso em andamento. Além disso, foram aplicados mais de R$ 227 milhões em viaturas, armamentos e na modernização de 43 unidades policiais”, escreve a SSP ao g1.
Deic Piracicaba, responsável pela investigação do caso
Giuliano Tamura/EPTV
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