Testemunhas foram ameaçadas e tiveram casas invadidas por PMs presos pela morte de jovem em Piracicaba, diz OAB
24/06/2025
(Foto: Reprodução) Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB local afirmou que também foi perseguido e abordado na rua pelos PMs para que deixasse investigações do caso. 2 PMs são presos e 4 afastados pela morte de jovem com tiro na cabeça, em Piracicaba
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB Piracicaba (SP), Gustavo Henrique Pires, informou que os policiais militares (PMs) presos pela morte de Gabriel Júnior Oliveira Alves da Silva ameaçaram e invadiram as casas de testemunhas do crime durante as investigações.
A afirmação veio durante coletiva de imprensa, ainda na manhã desta terça-feira (24), após a prisão temporária de dois PMs e o afastamento de outros quatro pelo caso que ocorreu em abril deste ano.
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O presidente disse também que foi vítima dos PMs com perseguição, abordagem na rua e carro revirado durante as investigações.
"Foi me dado o recado de que o ideal era que eu me afastasse dessas investigações", afirma Gustavo Henrique Pires, presidente da OAB de Piracicaba.
O Ministério Público e as OABs (municipal, estadual e federal) prestaram apoio para que as investigações prosseguissem com a proteção e depoimento das testemunhas, informou o presidente.
"No decorrer dessas investigações, algumas testemunhas foram ameaçadas, abordadas na rua e tiveram as casas invadidas mesmo sem mandados. Nós acompanhamos elas no sentido de garantir, dentro das nossas possibilidades, a segurança de todos e garantir a lisura [integridade] do procedimento, no sentido de que ninguém deixasse de depor por conta de medo, de insegurança", disse o presidente da OAB.
Dois presos e quatro afastados das funções
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Dois PMs investigados pela morte de Gabriel Júnior Oliveira Alves da Silva foram presos temporariamente e outros quatro foram afastados das funções operacionais na manhã desta terça-feira. As informações são da Promotoria de Justiça Criminal da cidade. Relembre o caso no vídeo acima.
O jovem foi morto baleado na cabeça. A operação que prendeu os suspeitos foi realizada pelo Ministério Público e pela Corregedoria Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
Foram cumpridos dois mandados de prisão temporária e seis mandados de busca e apreensão. Os alvos são investigados por homicídio e coação no curso do processo.
O 2º Promotor de Justiça de Piracicaba, Aluísio Antônio Maciel Neto, informou que as investigações continuam até “a completa e rigorosa apuração dos fatos, com a adoção de todas as providências legais cabíveis”.
“A Promotoria de Justiça Criminal de Piracicaba reafirma seu respeito à Polícia Militar do Estado de São Paulo, instituição composta majoritariamente por profissionais íntegros e comprometidos com a legalidade, e parceira constante do Ministério Público no enfrentamento à criminalidade", destaca o Maciel Neto no documento.
Ao mesmo tempo, o promotor garantiu que todos estão submetidos ao Estado de Direito.
"[...] sendo inafastável a apuração rigorosa de eventuais condutas ilícitas, independentemente da identidade dos investigados, em consonância com o papel constitucional do Ministério Público na defesa da ordem jurídica e no controle externo da atividade policial”, conclui.
PMs investigados pela morte de Gabriel Júnior Oliveira Alves Silva foram presos na manhã desta terça-feira (24) em Piracicaba
Edijan Del Santo/EPTV
Relembre o caso
Gabriel Júnior Oliveira Alves da Silva morreu baleado durante uma abordagem da PM em 1º de abril de 2025, na Vila Sônia, em Piracicaba.
Na época, a PM afirmou que o rapaz baleado resistiu à abordagem e ameaçou a equipe com uma pedra, que foi apreendida. No entanto, a versão foi contestada por familiares e testemunhas locais.
A esposa de Gabriel, que estava grávida de 7 meses, afirmou que ela e o marido estavam comprando milho quando foram abordados pelos policiais sem motivo aparente. Gabriel segurava um refrigerante enquanto ela esperava o milho ficar pronto. Segundo ela, um policial a puxou pelo cabelo enquanto outro agrediu o marido.
Os policiais não utilizavam câmeras corporais, informou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP).
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